* Aleandra Francisca de Souza *
Com a alta do dólar, houve significativa valorização da saca de soja exportada pelo Brasil. Em Mato Grosso, maior produtor do grão no país, este cenário não seria diferente e tem causado grande tensão no assunto que envolve os contratos de soja travados em 2020, com vencimento para 2021, trazendo uma necessidade há muito não vista neste caso: a renegociação de contratos antigos com as tradings, para que não haja uma subvalorização da saca de soja, nem o pagamento excessivo por parte dos compradores.
De um lado, estão os produtores rurais, que consideram a variação do preço grande demais; do outro, os credores que temem não receber o produto na data do vencimento dos contratos. Esta instabilidade é reflexo da estiagem mais longa ocorrida em 2020, que teve como consequência o atraso do início do plantio e da colheita da soja. Assim, considerando que mais da metade da produção já está vendida antes mesmo de ser plantada, a tendência é que produtores rurais entrem em contato com as empresas compradoras para tentar renegociar contratos.
Nesse ambiente atípico, o produtor tem feito dois movimentos. Primeiro, notifica a companhia com quem tem contrato antecipado, informando a vontade de fazer a renegociação, esclarecendo os motivos externos que corroboraram para o atraso e impedimento da entrega do produto, nos moldes pactuados. Posteriormente, a depender da postura da companhia, pode vir a propor ação judicial para não precisar cumprir com os contratos, justamente para conseguir renegociar os preços da venda antecipada.