Prefeito e governador mantêm briga política apesar da crise

Emanuel diz que Mendes age como empresário, ao acionar a Justiça para liberar ônibus em Cuiabá

A Prefeitura de Cuiabá e Governo do Estado seguem com a briga política entre seus dois principais líderes — o prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) e o governador Mauro Mendes (DEM) —, apesar da situação extremamente grave, com a luta contra a pandemia global do Covid-19.

O desacordo entre os dois foi parar na Justiça e levou a duas decisões discordantes tomadas pelo juiz plantonista Onivaldo, num espaço de algumas horas, no domingo (22).

No meio da noite do mesmo dia, o prefeito decidiu responder ao chefe do Executivo estadual em vídeo transmitido por suas mídias sociais.

“Estamos em plena pandemia. Mais do que nunca, em momentos como o que estamos enfrentando, é preciso manter a serenidade e a visão de um estadista. É necessário deixar de lado as paixões político-partidárias, simpatias e antipatias pessoais, ideologias ou conveniências eleitorais”, disse Emanuel Pinheiro.

Os dois discordaram depois que o a Prefeitura pediu e conseguiu determinação judicial para decretar a suspensão em 100% do sistema de transporte coletivo na Capital mato-grossense, a partir da meia-noite de segunda-feira (23).

Isso nem chegou a ser efetivado, pois o Estado interpôs recurso e o magistrado plantonista retirou a paralisação total, determinando que se mantivesse a circulação mínima da frota, o equivalente a 33% dos ônibus, para atender os trabalhadores dos serviços essenciais, especialmente os da Saúde.

Depois dessa última decisão, o Palácio Alencastro recorreu à Justiça e baixou outro decreto. Agora, autorizando somente trabalhadores do sistema de Saúde, mediante apresentação de identificação funcional ou holerite de pagamento, a terem acesso nos 120 ônibus disponibilizados, sem incluir no uso o restante da população trabalhadora.

Emanuel também gravou um vídeo no qual apelou à população cuiabana que fique em casa, lembrando as determinações impostas por todos os países como medida de contenção da disseminação do coronavírus.

“Venho aqui fazer um apelo a você, cidadão cuiabano. Apesar da recente decisão judicial, por favor, não faça uso do serviço de transporte público neste momento. Se puder, por pura medida de segurança, busque uma alternativa”, disse.

A divulgação do vídeo do prefeito em suas mídias sociais foi feita para afirmar que sua única preocupação é com a saúde, justamente dos que prestam os serviços essenciais.

“Meu partido é Cuiabá, somos quase 700 mil cuiabanos esperando essa postura de seus líderes, mediante a projeção de um cenário incerto e devastador. As medidas são drásticas, porém necessárias para preservar vidas, completou o prefeito.

Depois, disse que o governador Mauro Mendes, como empresário, quer cuidar primeiro da economia em detrimento do resto, ao ponto de querer preservar as rotinas de produção, ainda que todos saibam que ajuntamentos coletivos, como acontece nos pontos e nos ônibus, possibilitam a rápida disseminação da doença.

Disse ainda que a ação da Prefeitura seria para evitar a rápida disseminação da doença e que não fazer isso seria impor “verdadeira violência insensível e cruel” à população cuiabana.

“Vivemos uma situação grave, de exceção, de emergência, porque estamos em plena pandemia. Mais do que nunca, em momentos como o que estamos enfrentando, é preciso manter a serenidade e a visão de um estadista”, provocou, depois de aludir à condição de pai, filho, marido e gestor.

Procurado, o governador Mauro Mendes disse que não iria se pronunciar sobre o assunto.

Emanuel encerrou garantindo que está preocupado com o “cuidado e a saúde dos munícipes” e que irá, por isso, recorrer contra “qualquer medida que entendamos colocar em risco a saúde e a vida da população.

"O transporte público é importante, mas a vida humana é muito mais. A economia é importante, mas a vida humana é muito mais. Conclamo que todos tenhamos consciência da necessidade dessas medidas transmitidas”, encerrou o prefeito, em sua mensagem o vídeo.

Fonte: Rodivaldo Ribeiro - Reportagem Diário de Cuiabá