Professores conhecem novas ferramentas para superar os desafios em sala de aula

Edição 2019 do Encontro Estadual apresentou temas importantes para promover uma educação transformadora nas escolas, nas famílias e sociedade

Desafios da educação na ausência de regras, educação inclusiva e suas transformações, abordagem coaching no relacionamento com os alunos e a necessidade do professor ser um constante “aprendente” foram os temas que nortearam o 8º Encontro Estadual do Programa A União Faz a Vida, realizado nos dias 26 e 27 de junho, em Cuiabá. O evento é promovido pela Central Sicredi Centro Norte, que abrange os estados de Mato Grosso, Rondônia, Pará e Acre, e reuniu cerca de 500 educadores e gestores escolares para dois dias de formação e celebração.

Profissionais da educação de 27 municípios mato-grossenses marcaram presença no evento e foram para suas cidades cheios de informações e novas ideias para colocar em prática, alinhadas com a metodologia do Programa A União Faz a Vida, que é o principal projeto social do Sicredi, desenvolvido há 14 anos no Estado e há 24 anos no país. Em Mato Grosso, mais de 69 mil crianças e adolescentes são atendidos, sob a orientação de 3,4 mil educadores, em 258 escolas públicas e privadas.

O gerente de Desenvolvimento do Cooperativismo da Central Sicredi Centro Norte, Efrain Ricca, afirma que o programa realiza uma série de encontros para formação dos professores, coordenadores e diretores das escolas atendidas ao longo do ano, e que anualmente é realizado o encontro estadual, quer reúne em média 500 pessoas para um momento diferente. Além de oferecer aprendizado por meio das palestras com profissionais renomados, o evento é uma oportunidade para celebrar o sucesso do programa e a transformação na vida dos alunos, da escola, das famílias e de toda a comunidade.

“Sabemos dos desafios que os professores têm diariamente em sala de aula e através do programa e sua metodologia de projetos, eles conseguem despertar nos alunos o interesse pelo conhecimento, através do protagonismo que o estudante assume no processo de aprendizagem. Os professores nos relatam mudanças significativas tanto dentro quanto fora da sala de aula”, relata Ricca ao acrescentar que a metodologia de projetos ressalta valores como solidariedade, respeito à diversidade, justiça, cidadania e cooperação.

Este ano, o evento foi realizado de uma forma diferente. Antes de cada palestra houve uma apresentação teatral para encenar histórias reais de professores que participam do programa. Isso trouxe mais proximidade à realidade vivenciada nas escolas, o que emocionou a plateia que se identificou com as cenas.

Desafios da Educação na Ausência de Regras foi a palestra de abertura com Rossandro Klinjey, escritor, psicólogo clínico e mestre em saúde coletiva. Ressaltou, por meio de uma fala simples e ao mesmo impactante, a importância de as crianças e jovens serem educados a partir de regras, tão necessárias ao desenvolvimento e formação do indivíduo para viver em sociedade.

Outra palestrante foi a coach Dariane Bagatolli, que falou sobre a abordagem coaching na educação. Ao lançar mão de técnicas da “Disciplina Positiva”, cuja premissa é a fazer com que o aluno se sinta parte do processo de educação, com estímulo ao desenvolvimento de habilidades nas crianças, ela disse que é possível ser firme e gentil ao mesmo tempo. “A educação autoritária não funciona mais e a ausência de regras é ruim. Então, os professores precisam encontrar novas técnicas para aplicar na educação. Provocar os alunos com perguntas, para que eles encontrem uma solução para o problema. Dessa forma, a gente provoca a reflexão para que eles se tornem cidadãos mais ativos, dispostos a contribuir com a sociedade”, diz ao exemplificar que os professores podem atribuir responsabilidades aos alunos, distribuindo pequenas tarefas entre eles, como quem vai cuidar do tempo, apagar a lousa, recolher a sujeira do apontador, distribuir os materiais, entre outras. “Assim, o aluno se vê importante no ambiente, se sente parte da sociedade e interage mais”, diz ela ao explicar que a disciplina positiva é uma abordagem socioemocional que visa desenvolver habilidades sociais e habilidades de vida nas crianças.

A educação inclusiva foi outro tema apresentado no encontro estadual, pela palestrante Ana Rosimeri Araújo da Cunha, professora, pedagoga da educação especial, psicopedagoga clínica e institucional, e mestre em Educação. Ela diz que educação sem transformação não existe e que reconhecer a realidade, entender a pessoa que está ali e colocar o conhecimento à disposição de todos no ambiente de aprendizagem é um começo para as mudanças. “Enquanto escola, o desafio está em a equipe assumir a inclusão como pauta necessária, como uma pauta dos direitos humanos e fazer a transformação. Temos que tirar as coisas que estavam acomodadas há muito tempo, repensar o que se faz pessoal e profissionalmente”, diz a professora ao comentar que a transformação não ocorre da noite para o dia, devido justamente à cultura e bagagem trazida pelos professores, mas que é preciso dar o primeiro passo.

Ela elogia a metodologia de projetos do Programa A União Faz a Vida ao dizer que as expedições investigativas e o envolvimento dos alunos com a família e com a comunidade são exemplos de interação, que facilitam a inclusão e a transformação no ambiente escolar, nos lares e na sociedade. “O educador também tem de estar atento à essa explosão de diversidade. Hoje, a escola recebe pessoas diferentes, seja na questão racial, religiosa, de gênero ou a própria deficiência, e ele deve estar preparado para trabalhar com todos”.

Outra preparação necessária aos professores foi tema da palestra de Sidnei Oliveira, consultor de carreira, expert em conflitos de gerações e na formação de mentores. Com o tema Quem Ensina, Aprende, ele destacou a necessidade de o educador ser um constante “aprendente”, sobretudo diante do excesso de informações às quais crianças e jovens estão expostos devido ao acesso da internet. “O mundo mudou muito nos últimos 30 anos. O jovem que atingia a maturidade aos 18 anos agora está tomando decisões de sua vida aos 30. As famílias mudaram e seus comportamentos também. O professor não é mais o detentor do conhecimento, pois ele está em toda a parte, em sites da internet e outras plataformas eletrônicas. Então, o aluno tem acesso a qualquer coisa no celular e no tablet. Nesse contexto, o professor é um agente da promoção da maturidade do indivíduo”.

O momento de celebração do encontro aconteceu especialmente com a última palestra, com o poeta ativista da cultura nordestina Bráulio Bessa. Ele emocionou o público ao contar sua história de vida e ao recitar poemas que tocaram fundo no coração da plateia, fechando o Encontro Estadual com chave de ouro e com um “gostinho de quero mais”.

Palavra dos educadores

Estreante no Programa A União Faz a Vida, a professora Maria Luiza Fernandes, da Escola Alcides Franco da Rocha, em Pontes e Lacerda, conta que já percebeu mudanças nos alunos após a adoção da metodologia de projetos em sala de aula este ano. Ela leciona língua portuguesa para turmas do 6º ao 9º e tem um projeto que trabalha gêneros textuais. Este ano, através do programa levou os alunos do 8º ano a uma emissora de televisão na cidade, onde pode mostrar com mais eficiência a diferença entre os gêneros textuais. “Os alunos compreenderam melhor a atividade e passaram a se interessar mais pelas aulas. Agora, sempre perguntam quando vão fazer outra expedição investigativa”, diz ao comentar que pretende expandir o projeto para o tema étnico racial e visitar alguns municípios. “Como agora trabalhamos com o programa, podemos ampliar nossos horizontes e quem ganha com isso são os alunos”.

Veterana no Programa, a professora Geovania Melchior Cesca, de Tapurah, conhece bem os efeitos positivos da metodologia de projetos. Educadora na cidade desde 2009 quando chegou do Paraná, atuou como assessora do programa por dois anos e depois como professora, até 2013, período em que desenvolveu vários projetos com os alunos. O compromisso com a educação lhe rendeu o convite para assumir a Secretaria de Educação do município, cargo que não a afastou do programa, ao contrário, aumentou. “O programa é desenvolvido no município há 10 anos e atinge todas as escolas (públicas, privadas e Apae). Nesse período percebemos uma evolução significativa nos alunos e nos professores”, afirma ela ao acrescentar que são 3,5 mil alunos envolvidos, número que é multiplicado quando consideramos os pais e outros agentes da comunidade envolvidos nas expedições.

Os valores do programa A União Faz a Vida também chegam às aldeias indígenas. Em Comodoro, três escolas são atendidas pelo programa há três anos. O gestor das escolas no município, o professor Flávio Vasconcelos da Silva, conta que são atendidos 100 alunos e que a metodologia de ensino diferenciada proporcionou novas experiências aos estudantes e professores. “Temos muitos desafios nas escolas indígenas, sobretudo, com relação à linguagem. Os alunos falam a língua nativa e têm contato com o português na escola. É uma dificuldade para eles e para os educadores que aos poucos vem sendo superada, e promovendo a inclusão dos povos indígenas na educação tradicional”.

Sobre o Programa A União Faz a Vida e o Encontro Estadual, o diretor-executivo da Central Sicredi Centro Norte, Seneri Paludo, afirma que a instituição financeira cooperativa trabalha dois pilares, simbolizados por dois pinheiros no cooperativismo, que são o social e o econômico, em prol do desenvolvimento. “O programa é uma forma de materializar a forma como a gente trabalha o desenvolvimento social. São princípios e valores que acompanham o Sicredi há 117 anos, desde que foi fundado no Brasil. É através da educação, do conhecimento e de conteúdo que vamos transformar a localidade e a sociedade”.

Sobre o Sicredi

O Sicredi é uma instituição financeira cooperativa comprometida com o crescimento dos seus associados e com o desenvolvimento das regiões onde atua. O modelo de gestão valoriza a participação dos mais de 4 milhões de associados, os quais exercem um papel de dono do negócio. Com presença nacional, o Sicredi está em 22 estados* e no Distrito Federal, com mais de 1.600 agências, e oferece mais de 300 produtos e serviços financeiros. Mais informações estão disponíveis em www.sicredi.com.br

*Acre, Alagoas, Bahia, Ceará, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe e Tocantins.

O Sicredi Centro Norte, composto pelos estados de Mato Grosso, Rondônia, Pará e Acre, tem aproximadamente de 422 mil associados, com 169 agências em 140 municípios.

Fonte: ASSESSORIA DE IMPRENSA SICREDI CENTRO NORTE