Para quem não sabe, o Dia do Índio, 19 de abril, foi criado durante a primeira edição do Congresso Indigenista Interamericano, em 1940. Naquela época, povos de diferentes etnias da América reuniram-se no México. De acordo com a Organização dos Estados Americanos - OEA, um dos objetivos do registro dessa data era tornar a causa indígena uma questão de interesse público.
Passados 80 anos, chego a conclusão que o índio está mais próximo para artefato e habitante estranho do que população genuína e “pioneira” destas terras tropicais, equatoriais. Infelizmente o conceito de sociodiversidade e o sentido de solidariedade orgânica, e em sintonia com as leis da natureza, então marcas do modo de vida dos primeiros habitantes da América, foram dizimados num processo nefasto de enculturação, voluntário e involuntário, ao invés de serem interpretados como uma epistemologia autêntica de ser, pensar e agir como cidadão nas terras desse lado do mundo.
A diferença étnica, social, cultural, de cada comunidade indígena, uma singularidade necessária e preconizadora de como a América vai se constituir um lugar de uma mestiçagem criativa, sempre foi negada de forma sistemática desde o primeiro contato com o homem invasor europeu. A diferença, a singularidade que, por exemplo, faz do Brasil um continente com mais de 300 etnias e o México e o Peru grandes berços civilizatórios, foi reduzida à visão monolítica de mundo, à coisificação, termo que expressa uma perigosa banalização do sistema social de um povo.





