ARTIGO - A atuação do psicólogo com mães atípicas com filhos portadores de Espectro de Autismo - TEA

*Por Keila Oliveira da Silva Dias*

O transtorno do espectro autista (TEA) é um distúrbio do neurodesenvolvimento caracterizado por desenvolvimento atípico, manifestações comportamentais, déficits na comunicação e na interação social, padrões de comportamentos repetitivos e estereotipados, podendo apresentar um repertório restrito de interesses e atividades.

A etiologia do transtorno do espectro autista ainda permanece desconhecida. Evidências científicas apontam que não há uma causa única, mas sim a interação de fatores genéticos e ambientais. Os fatores ambientais podem aumentar ou diminuir o risco de TEA em pessoas geneticamente predispostas. Embora nenhum destes fatores pareça ter forte correlação com aumento e/ou diminuição dos riscos, a exposição a agentes químicos, deficiência de vitamina D e ácido fólico, uso de substâncias (como ácido valpróico) durante a gestação, prematuridade (com idade gestacional abaixo de 35 semanas), baixo peso ao nascer (< 2.500 g), gestações múltiplas, infecção materna durante a gravidez e idade parental avançada são considerados fatores contribuintes para o desenvolvimento do TEA.

Sabe-se que esses desafios são apresentados à família justamente por se configurar como o principal microssistema em que a pessoa em desenvolvimento estabelece relações significativas e estáveis. Os pais, na maior parte mães além de ser prestadores de cuidados, modelos, disciplinadores e promotores da socialização dos filhos, assumem posição central no que se refere à estimulação para favorecer o desenvolvimento dos filhos.

Os aspectos relacionados diretamente às mães Crianças com TEA sobrecaem em dificuldades, e dificuldades essas de tarefas comuns, próprias a cada fase de desenvolvimento, isto porque as características clínicas do transtorno aumentam a demanda por cuidados e, consequentemente, o nível de dependência de pais e/ou cuidadores. As mães destas crianças, por sua vez, se veem frente ao desafio de ajustar seus planos e expectativas futuras a essa nova condição, além da necessidade de adaptar-se à intensa prestação de cuidados em relação às necessidades específicas do filho (a).

Observa-se que a sobrecarga vivenciada pelas mães em função das exigências, cuidados e tarefas peculiares que precisam exercer na atenção ao filho com TEA pode colocá-las em maior risco de desenvolver estresse crônico, depressão e ansiedade. O sentimento de frustração das mães de crianças com TEA em decorrência das peculiaridades do aprendizado, da dificuldade de comunicação das demandas, e dos déficits de interação social da criança pode estar associado a esse mecanismo. De fato, os problemas de saúde mental das mães de crianças com TEA são uma preocupação para os pesquisadores., pois os autores entendem a condição autista da criança como uma sobrecarga emocional, física e financeira para as mães e para a família.

*Keila Oliveira da Silva Dias é psicóloga infantil na Clínica Estímulo ABA, em Cuiabá-MT