Frigorífico demite mais de 300 funcionários em Tangará da Serra

A agência de atendimento do Ministério do Trabalho em Tangará da Serra confirmou que somente nos últimos 30 dias mais de 300 ex-funcionários de um frigorífico bovino instalado na cidade deram entrada com a documentação pedindo seguro desemprego. O chefe da agência Carlos Roberto Sbizera disse que se considerarmos os últimos 60 dias os números podem chegar a 400 funcionários despedidos. Já o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação, Frigoríficas, de Álcool e de Refinação e Açúcar (Sintiaal) diz que homologou mais de 350 demissões.

“Essa dispensa em massa realmente ocorreu. Entre 350 a 400 trabalhadores perderam seus empregos nos últimos 30 dias aqui em Tangará da Serra, mas entendemos que o número pode ser maior, porque a lei não exige que dispensa de funcionários com menos de um ano de serviço seja homologada pelo sindicato, então quem tinha poucos meses de serviço não passou por aqui e não pudemos contabilizar”, conta a presidente do Sintiaal, Nilda Leão.

A demissão em massa poderá gerar nos próximos dias uma Assembléia dos funcionários. O motivo é que eles estão procurando o sindicato para reclamar sobrecarga de serviço. “O próprio setor de recursos humanos da empresa nos explicou que a demissão é motivada por um ajuste da empresa. Eles criaram o segundo piso no setor de desossa, e com isso não há mais a necessidade de manter os funcionários do segundo turno, que foram dispensados. Quem era da desossa foi remanejado para o turno do dia, quem era dos outros setores foi dispensado”, explica a presidente.

De acordo com o Sintiaal, as suspeitas de sobrecarga – apesar da reclamação dos funcionários – somente poderão ser constatadas após 30 dias do novo sistema estar em funcionamento. Ainda assim, eles avisaram que estão em alerta. Isso porque, chegou ao sindicato a informação de que apesar de ter reduzido o número de funcionários o frigorífico aumentou sua produção média de 800 cabeças por dia para 1.000 cabeças por dia após a implantação das mudanças.

“A empresa não está se preocupando com a questão social, com desemprego. A gente entende que é uma situação que o sindicato laboral deve estar intervindo, mas os políticos também devem intervir, e nós vamos envolver o Ministério Público do Trabalho, estamos aguardando mais esses 20 a 30 dias pra ver o resultado de tudo isso, mas já temos trabalhadores vindo ao sindicato reclamando, e estamos preocupados porque se houve essa sobrecarga teremos em pouco tempo um aumento no número de acidentes de trabalho e de doenças laborais, por isso vamos convocar os trabalhadores, o Ministério do Trabalho e o Ministério Publico do Trabalho, e vamos decidir então qual rumo tomar”, adiantou Nilda Leão.

Empresa não responde

Desde a última quarta-feira, dia 17, o Diário da Serra vem procurando contato com a Assessoria de Imprensa da empresa sobre a informação das demissões. Na quinta-feira, dia 18, a jornalista Simone Cesário ligou para a Redação do DS e disse que teria informações até o fim do dia. Às 17h17 ela encaminhou e-mail pedindo que aguardássemos as informações até sexta-feira, dia 19, o que não se confirmou.

Redação Diário da Serra