Ipês deixam cidade mais colorida

Um espetáculo da natureza que apresenta uma composição florística e conta ainda com as presenças de outras árvores, como cambarazal do pantanal e o jacarandá

Oficialmente a primavera só começa no próximo dia 23 de setembro, mas a florada dos ipês já mudou a paisagem em Cuiabá. Em diversos pontos da cidade, a árvore símbolo do cerrado, com os seus diferentes tons, embelezam a capital mato-grossense em pleno período de estiagem e de queimadas. Como num passe de mágica, de um dia para o outro, os ipês que pareciam secos amanhecem floridos.

Um espetáculo da natureza que apresenta uma composição florística e conta ainda com as presenças de outros tipos, como cambarazal do pantanal e o jacarandá, uma espécie de flor roxa. Numerosa é a família do ipê, nome popular dado às árvores do gênero como a tabebuia também conhecida como paratudo. De cores intensas, suas flores têm na cor branca, amarela, rosa, roxo e, inclusive, esverdeada.

Em Mato Grosso, conforme o doutor em botânica Romildo Gonçalves, biólogo e pesquisador da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), a temporada de todas as nuances e matizes de ipês vai de junho a outubro, especialmente, na região do Pantanal por conta da presença dos paratudos, que são os ipês roxos. “Normalmente quase todas as espécies do cerrado estão floridas nesse período. Um exemplo é a lixeira, cientificamente se chama curatella americana sp, e que está em plena floração e é importantíssima para as abelhas e insetos de modo geral”, comentou. “Esse período é riquíssimo”, acrescentou.

“A natureza é perfeita. Este é um período que temos dois tipos de vegetação. Uma vegetação é chamada de floresta ombrófila, que é aquela existente no nortão de Mato Grosso e que permanece verde o ano inteiro. E tem a floresta de transição que perde as folhas num período do ano e, nessa leitura, o bioma cerrado que é o único do mundo. A vegetação perde a folhagem e concentra os nutrientes e os acúcares para florir e frutificar, o que é uma perfeição da natureza”, disse. “Nesse período do ano se tem uma maior concentração do sol e de baixa umidade relativa do ar. O que ele faz perde a água e as folhas porque aí não precisa fazer fotossíntese, concentra todos os acúcares e nutrientes no troco e aí lança para produção de flores e fruto para perpetuação das espécies”, completou.

E, não dá para resistir à beleza dessas plantas, como a que existe próximo ao Ginásio de Esportes da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), no Bairro Boa Esperança, e que, diariamente, atrai os olhares de quem passa perto. Mas, além de deixar o meio ambiente mais bonito, a intensidade da floração também revela fatores climáticos. “O fenômeno da floração dessa espécie vegetal é um dos primeiros indicativos naturais para demonstrar a intensidade da difusão nas intempéries nos ecossistemas locais e regionais naturais ou antropizados. Quanto mais seco e frio for o inverno, maior será a intensidade da florada”.

O ipê pode chegar até 30 metros de altura. É uma planta caducifólia, ou seja, a espécie tabebuia perde suas folhas em determinado período do ano - no caso em tela, antes da floração. Então, fica entre 15 a 18 florindo, desde a eclosão do botão e a caída da flor. “Dentro de 15 a 18 dias, a árvore perde a sua floração e começa a frutificação”, informou.

Segundo Gonçalves, “ipê” é uma palavra que provém do tupi "ipé", que significa árvore cascuda ou pau-d’arco. Os povos indígenas do Brasil a utilizam como matéria-prima na confecção de arcos para caça de animais silvestres ou na defesa da tribo em seu habitat natural.

Fonte: Joanice de Deus - Reportagem Diário de Cuiabá