Vereadores iniciam trabalhos do semestre pedindo paz e união

Depois de duas semanas de recesso a Câmara de Tangará da Serra voltou ontem (06/08) aos trabalhos, com sua 27ª sessão ordinária e a 7ª extraordinária. O clima estava realmente de volta das férias, muitas reflexões e o hasteamento em definitivo da ‘bandeira branca’ com o Executivo Municipal, com pedido de paz e união de vários vereadores.

Não é de agora que a Câmara pede uma maior aproximação com o Executivo. O vereador Fábio Brito (PSDB) foi o primeiro a levantar a questão, dizendo que houve uma aproximação que, mesmo tímida, segundo ele, deve-se aos esforços do vereador Wellington Bezerra (PR), indicado em junho como o novo líder do governo municipal na Câmara. “É visível o empenho do vereador Wellington Bezerra”, elogiou.

Silvio Sommavilla (PV) disse que o recesso foi uma época para reflexão e cobrou uma participação maior da sociedade organizada. “Apesar de toda a calmaria que oportunizaram Executivo e Legislativo, a sociedade organizada precisa participar. Sociedade que se diz organizada e não mostra a cara, não se envolve”, criticou.

Sommavilla ainda pontuou o número de indicações, 1.010, perguntando quantas delas foram contempladas no PPA, em cobrança a um posicionamento da administração às reivindicações da população.

VEEMÊNCIA – Os discursos não ficaram apenas na calmaria. O vereador Niltinho do Lanche (PRB) falou sobre a última sessão antes do recesso, em que vereadores citaram que apenas um ‘grupinho’ se reunia com o prefeito e não resolvia nada. “Por que os outros não vão lá se reunir com o prefeito? Ele está de portas abertas”, bradou em sua fala na tribuna.

Depois, Niltinho comparou Fábio a Jesus Cristo, dizendo que as pessoas escolheram Barrabás e crucificaram Jesus, fazendo alusão às críticas veementes que o prefeito recebeu dos vereadores no primeiro semestre. “Não estou aqui para ver Tangará andar para trás. Nós temos que trabalhar em conjunto por essa cidade. Estou aqui pedindo paz!”, finalizou.

Em resposta ao pedido veemente de paz do peerrebista, o vereador Sebastian Ramos (PSB) filosofou. “A paz é fruto da justiça. Nós necessitamos de justiça social. Se tivermos justiça social, teremos paz”.

Bezerra seguiu na mesma linha de Niltinho no que se refere à utilização de metáforas. O vereador republicano fez um paralelo com o futebol, dizendo que, quando jogava, tinham 700, 800 torcedores e que 70 ou 80% torciam contra, mas, no final, prevalecia o talento, e sua equipe ganhava. “Assim está sendo essa gestão. Estão torcendo contra, contra mesmo. Tem gente que não faz nada a não ser ficar pelas esquinas falando mal. Vai trabalhar, amigo”, disparou, afirmando ter consciência que os problemas existem e que são graves, mas precisam ser resolvidos. “Prefiro estar conversando com os deputados em Cuiabá, para trazer emendas, com o prefeito, com empresários, para trazer investimentos, empregos e desenvolvimento para essa cidade. (…) Se alguém está estático, eu tenho que dar o primeiro passo e ir bater na porta. (…) Estou fazendo 100% a minha parte de colaborar”, completou Bezerra, que logo no início de sua fala pediu para que todos se perguntassem “o que eu estou fazendo para que o município mude”.

SAÚDE – Ácidas foram as críticas do vereador Odair José (PTB) sobre a Saúde, dizendo que em reuniões seguidas com o Conselho Municipal de Saúde, a secretária diz que não há nada errado e que está tudo bem com a Saúde em Tangará. Ele citou o caso de um jovem que teve fraturas múltiplas num acidente na semana passada e que ficou mais de 24 horas sem receber atendimento especializado, tendo que desembolsar R$ 200 para uma consulta com ortopedista da rede particular de saúde.

“Minhas cobranças e críticas só se dão em virtude das reclamações que recebo diuturnamente dos munícipes em relação à gestão atual. Quer dizer que eu tenho que ouvir estas reclamações e ficar calado, sem encaminhar para o Executivo resolver? Fico preocupado… Se alguém não concordar com a atual gestão, terá seu nome publicado na capa de um jornal? Não sabia que minha avaliação sobre a atual gestão fosse tão importante ao ponto da mesma ser publicada na capa de um jornal da cidade, me desmentindo e dizendo que estou equivocado e que preciso me informar melhor. Será?”, reagiu o vereador, que teceu as críticas na tribuna e fez questão de usar a tribuna para também dar sua resposta. “Não tenho espaço na mídia como o senhor prefeito, mas tenho espaço nas ruas, quando falo com o povo”, completou.FABÃO – Na última sessão ordinária do primeiro semestre, o vereador Fábio Brito (PSDB), o Fabão, fez crítica à administração municipal tangaraense e chamou sua atuação de regular. Dias depois, através de sua assessoria de imprensa, prefeito e vice rebateram as críticas, sendo a resposta capa de um jornal. Na sessão de ontem, Fabão explicou seu ponto de vista, lendo um texto com sua resposta ao ‘assunto’.

Fábio Brito também disse que o vice-prefeito foi infeliz ao comparar seus muitos anos de gestão, como vereador, secretário e prefeito com a do tucano, que tem pouco mais de um ano e meio na política. Ao final, Fabão fez um apelo. “Que se encerre essa briga imbecil, idiota e inútil. Se há guerra de vaidade é do Poder Executivo. Eu venho falando que Tangará precisa de união, mas o Executivo mostra o contrário com oposição à Câmara, com vetos. (…) Vamos encerrar essa conversa e vamos trabalhar. (…) Nossa cidade precisa muito dos senhores, quem vai ganhar não é o Executivo, Legislativo, grupo político, e sim o povo de Tangará da Serra”, finalizou, como que colocando uma pedra sobre a contendo descerrada há meses entre os dois poderes, formalizando o clima de união entre estes.

Fonte: Redação O Jornal