ARTIGO - A mudança do crítico para o pensador.

*Por Rebeca de Jesus*

Não é de hoje que o ser crítico é tratado como sinônimo de inteligência. Na verdade, essa é uma construção de anos dentro das escolas e da sociedade. Toma-se por culto aquele aluno que se posiciona a respeito de um tema, mas sem se considerar o que ele, de fato, está alegando.

Dentro do mundo jurídico, as alegações e argumentações apresentadas por um advogado são seriamente pensadas. Muitas vezes o melhor argumento é deixar o argumento oposto ser analisado e permitir que ele mesmo deponha a seu favor.

Assim, depois de algum tempo, o ser humano experimentado percebe que o ouvir é muito mais importante do que o falar constantemente.

Me aprofundando nos conceitos filosóficos da construção da sociedade, percebi que essa noção do ser crítico, por vezes, é prejudicial à toda sociedade, vejamos. Aquele que critica tudo, não critica nada. Aquele que elogia a tudo, não elogia nada.

Na verdade, apresentar um argumento oposto, requer do interlocutor uma dedicação de, pelo menos, analisar a situação por completo. Um exemplo disso, como poderia criticar a autoridade pública de minha cidade? Analisando suas propostas, sua execução durante o mandato, a idoneidade de seus negócios jurídicos, o antes e depois da sua administração.

Quem é capaz de, primeiro, analisar e depois emitir um apontamento, certamente está caminhando para um crescimento de consciência política, seja num aspecto micro – casa e trabalho – seja num âmbito macro – política e educação local ou nacional - .

Assim, quando se impõe um novo costume, uma nova lei, o consciente pensador é capaz de entender a motivação destes atos, dizer e apontar quais são os prejuízos ou benefícios que esta novidade irá trazer para a sociedade. E, na verdade, estamos cercados destas temáticas: obrigatoriedade de vacinas, uso de linguagem neutra, reformas econômicas e estruturais do estado.

Todos estes temas merecem uma apreciação maior do cidadão, pois reflete diretamente na vida individual de cada um. Lembrar que apenas criticar não mudará a situação, deve-se pensar e conhecer a ponto de apresentar argumentos contundentes.

Assim como no direito, todos devemos ser capazes de dizer o que é bom para si e para o próximo. Isso só é capaz àquele que se dispõe a pensar.

O poeta Castro Alves escreveu alguns versos sobre isso. 

Oh! Bendito o que semeia
Livros à mão cheia
E manda o povo pensar!
O livro, caindo n'alma
É germe – que faz a palma,
É chuva – que faz o mar!

Castro Alves ALVES, C., Espumas Flutuantes, 1870.

*Rebeca de Jesus é Advogada Tributarista, e-mail: [email protected]