Mulheres representam 90% das servidoras da educação

Elas são profissionais que nunca desistem de seus objetivos e que querem fazer a diferença na vida de mais de 390 mil alunos da rede estadual de Mato Grosso.

Com 90% de seu quadro de servidores formado por mulheres, a educação no Estado de Mato Grosso tem inúmeras profissionais que se destacam em seus respectivos setores, principalmente na sala de aula, com seus projetos, atitudes e muito trabalho. São profissionais que nunca desistem de seus objetivos e que fazem a diferença na educação da rede estadual, que compreende 768 unidades escolares e aproximadamente 390 mil alunos.

A professora de matemática Josineide Miranda de Freitas é um exemplo de força e determinação. Desde os quatro anos de idade utiliza uma muleta para sua locomoção e, mesmo assim, não encontrou obstáculos suficientes que a impedisse de trabalhar em sala de aula. Após 23 anos atuando em diversas escolas, todas em sala de aula, está temporariamente em readaptação na Escola Estadual Especial Livre Aprender, no Bairro Areão.

Ela conta que, devida à sua deficiência, ainda na sua adolescência o pai tentou aposentá-la, mas ela decidiu por fazer faculdade de matemática. Depois que se se formou, trabalhou em diversas escolas estaduais. Josineide lembra que trabalhou como professora interina durante 15 anos. As escolas Almira Amorim, hoje Centro de Educação de Jovens e Adultos (Ceja), e Joaquina Cerqueira Caldas (como coordenadora pedagógica), também fizeram parte da vida profissional dela.

Falta de acessibilidade não foi impedimento, porque ela sempre esteve na luta para defender os direitos das pessoas com deficiência e já foi vice-presidente da Associação Mato-grossense de Deficientes (Amde). Atualmente é coordenadora do Sudeste e Centro-Oeste da Fraternidade Cristã da Pessoa com Deficiência (FCD). “Claro que as barreiras atrapalham, mas o ser humano é grandioso e sabe lidar com seus desafios, eu, por exemplo, nunca desisti”, emociona-se.

Super merendeira e super mulher

A ex-merendeira da Escola Estadual Hermelinda de Figueiredo, Silvana Aparecida Gentil Ribeiro, de 45 anos, é uma defensora da educação pública. Foi com a receita de lasanha com banana da terra, que fazia para os alunos, que Silvana Gentil foi selecionada para participar, no ano passado, do reality show Super Merendeiras, realizado pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), do Ministério da Educação.

Ela teve uma ótima participação no programa, ficando em terceiro lugar nessa edição. A partir daí sua carreira foi só sucesso e hoje é uma microempreendedora, abrindo seu próprio negócio. “A educação pública ainda é uma bandeira que empunho com orgulho”, afirma.

Silvana lembra que começou a jornada educacional na EE Zélia da Costa Almeida (no Jardim Presidente, em Cuiabá) como monitora do Projeto Escola Aberta, depois trabalhou ensinando panificação, confeitaria, salgados e doces para crianças carentes. “Acredito tanto na educação pública que minha filha segue o mesmo caminho meu, só que como professora de língua inglesa”.

Silvana reitera seu orgulho de ter representado Mato Grosso no Super Merendeiras. “Fiquei como a terceira melhor merendeira do Brasil. Eu me senti uma supermulher. Agora, batalhando meu lugar ao sol. Orgulhosíssima. Grata por tudo que a educação pública me proporcionou. Se não fosse a educação pública não chegaria onde cheguei”.

“Hoje tenho uma marmitaria e um café, mas me sinto uma educadora da alimentação. Isso não sai do meu coração. Sem a educação, não somos nada e nada podemos conquistar. A minha conquista vem com a educação que serviu de base para tudo aquilo que tenho hoje”, assegura.

DNA de professora

Numa família de educadores, de quatro irmãs, três são professoras. O desafio de ensinar e a paixão pela educação levaram as irmãs Arcilene, Lucilene e Inês dos Santos Fernandes a fazer licenciatura e iniciar uma brilhante carreira na rede estadual de ensino. Para não “brigarem” por aula, cada uma seguiu uma área diferente. Arcilene é formada em matemática, Inês em língua portuguesa e Lucilene em ciências biológicas.

Como profissionais e como mulher, os desafios que as irmãs enfrentam não são poucos. Para Arcilene, a maior barreira enfrentada pelas mulheres é a dupla jornada ou tripla, casa, filhos, marido e trabalho.

Mas a paixão pelo ensino não foi de imediato com as três. Inês explica que desde pequena sempre quis ser professora, tanto que fez o magistério na época. “Até então somente eu pensava em ser professora. A Arcilene fez secretariado, e a Lucilene casou-se e parou de estudar. Mas não demorou muito e nós três abraçamos a profissão de professora”, relata Inês.

Em reuniões familiares, as irmãs acabam falando de educação. “Não tem jeito. Sempre falamos dos alunos, da escola, da educação em geral. O assunto não sai de pauta”, conta Arcilene. “Minha paixão é ensinar”, acrescenta Lucilene. As três chegaram a trabalhar na mesma escola em Várzea Grande, mas hoje cada uma está em escolas diferentes.

Fonte: Adilson Rosa | Seduc MT