Comissão pede à Câmara de Tangará que investigue ações do Executivo na saúde pública

Uma comissão protocolou na tarde de ontem na Câmara de Vereadores um documento requerendo investigações em relação à situação vivida no que se refere à saúde pública em Tangará da Serra.O documento está assinado por nove pessoas. Os médicos: Maurício Pereira, Francisco Canhoto, Sheila Fantin Buratti e Alessandro Zuchetto, pelas nutricionistas Marcia Oliveira de Souza e Ana Paula B. Camargo, pela jornalista Luciana Menoli (O Jornal), e pelo analista de sistemas Joziel dos Santos Oliveira.

O médico Dr. Maurício Pereira, falou à imprensa presente no ato do protocolo, apontando falta de gestão, falta de entendimento e centralização do poder por parte do prefeito como a causa dos problemas na saúde em Tangará da Serra. “Todas as transformações que estão sendo feitas, as mudanças, elas passam pelo crivo de uma pessoa só que é o prefeito. Não tem abertura. Tenho testemunhas que sábado às 8 horas da manhã me coloquei em missão de paz para tentar ser a pessoa de mistura do prefeito para tentar resolver esta situação com os médicos. O prefeito chegou a um impasse”, disse o médico. Em outro ponto da entrevista, o médico criticou a atitude do prefeito no caso do registro dos boletins de ocorrência no último final de semana [caso noticiado pela Pioneira ]. “A gente foi fazer um boletim de preservação. Eles me pediram para acompanhar. E ele entra assim atabalhoadamente na sala sem respeito a ninguém, nem ao escrivão que era a autoridade ali presente. Ele interrompeu o que a gente estava falando e abriu um boletim contra o médico Dr. Eli Ambrósio e o fez voltar para a Unidade Mista. Tanto ele quanto a Dra. Sofia. A Dra. Sofia não tinha a mínima condição de trabalho”, afirmou o Dr. Maurício.

O que o grupo quer, segundo o médico, é que a Câmara e a Promotoria de Justiça investiguem a situação da saúde em Tangará. “É um pedido de investigação dentro da Câmara Municipal. A Câmara é nosso órgão legislador e fiscalizador é a Promotoria. Então nos dois órgãos vamos entregar estes documentos com provas. A gente tá à disposição da Câmara e da Promotoria para prestar depoimento. Na promotoria a gente cansou de ir”, disse ainda o médico. Avaliando a saúde pública em Tangará da Serra, Dr. Maurício Pereira afirmou: “Eu acho que a gente tá na UTI, mas muito mal. Precisa sair da UTI em todos os aspectos”.

UNIDADE MISTA – Na entrevista o médico falou também sobre a decisão do prefeito de finalizar a obra da Unidade Mista com possível dispensa de licitação. “Neste um ano e dois meses a obra ficou parada. E agora como a coisa está apertando e não se resolve a gente pega o prefeito dizendo que vai arrumar um jeito de fazer licitação. Licitação é licitação. Se o primeiro licitante desistiu da obra por algum motivo, você tem que chamar o segundo licitante. Eu afirmo que na reunião de sábado, o prefeito ainda citou Joinville que era uma situação diferente, na época das cheias, que fez um processo de hospital sem licitação, mas que era realmente uma emergência. Nossa emergência vem há anos aqui em Tangará”.

TRABALHO ESCRAVO – Em um ponto de sua fala, o médico afirmou que a categoria no setor público de Tangará da Serra está em regime de trabalho escravo. “O que tem que ser levado em consideração é a Constituição Federal. Você obrigar alguém a trabalhar é trabalho escravo. Hoje os médicos estão sendo obrigados com um trabalho escravo no município”. Sobre a postura do Ministério Público afirmou: “Eu fui secretário de saúde em outros lugares, trabalhei em grandes hospitais, tinha hora que o Ministério Público me chamava, mas me chamava para fazer um TAC. Eu nunca vi falar em TAC. Na época de Júlio César, de Saturnino se tinha TACs aqui, que era o ajuste de conduta. Eu, por vezes aqui, tenho provas disto, tive que ser o urologista porque não tem contratado. A gente chegar a atender criança porque não tem pediatra”.

Fonte: Marlenne Maria com Heverton Luiz